segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Os Reis Magos

   


Galgalath, Malgalath e Sarrachim, para os Hebreus. Hormizdh, Yazdegerd e Perozadh, para os Persas. Os Sírios conheceram-nos como Larvandadh, Hormisdas e Gushynasaph. Muitos outros nomes lhes foram dados, consoante a cultura e a tradição. Os latinos ouvem falar de Gaspar,  Balthasar e Melchior.
  Quem eram os Reis Magos?
  As informações disponíveis apontam para sábios, conhecedores das antigas tradições Zoroastrianas, estudiosos da Astrologia e da Astronomia, eruditos nos textos antigos, nas histórias da História, nas lendas de muitos povos...
  Gushynasaph vê o seu nome associado a Gondophares, que veio a ser o fundador da cidade de Kandahar, no Afeganistão.
  O "Opus imperfectum in Matthæum", do séc.VI , conta que os Magos, após as ofertas a Jesus, regressaram às suas terras, por caminhos diferentes testemunhando a chegada do Ungido. Muitos anos mais tarde, já idosos, reencontraram-se para a celebração do Natal, numa cidade da Arménia, onde terminaram a sua passagem pela esfera do mundo físico, em Janeiro de 55 AD.




sábado, 25 de dezembro de 2010

25 de Dezembro



     Yeshua  já nasceu. Os pastores recebem o aviso e correm para Bethlehem. Os Magos do Oriente estão a chegar, seguindo a estrela...







Ave Maria
Gratia plena
Maria, gratia plena
Maria, gratia plena
Ave, ave dominus
Dominus tecum
Benedicta tu in mulieribus
Et benedictus
Et benedictus fructus ventris
Ventris tuae, Jesus.
Ave Maria

Ave Maria
Mater Dei
Ora pro nobis peccatoribus
Ora pro nobis
Ora, ora pro nobis peccatoribus
Nunc et in hora mortis
Et in hora mortis nostrae
Et in hora mortis nostrae
Et in hora mortis nostrae
Ave Maria

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Alban Arthuan


        No solstício do Inverno celebra-se o Alban Arthuan, traduzido como A Luz de Arthur, estabelecendo a ponte com a lenda Arturiana.
  Mas os rituais são mais antigos...desvanecem-se nas brumas do tempo, antes do tempo ser contado em horas e minutos.Rituais que apelam ao plano mais íntimo, mais primevo,mais mágico, que o mundo tecnológico não pode entender,porque não se podem pesar, nem medir, nem quantificar, mas apenas sentir...

                

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Solstício do Inverno - Midwinter day



"Stone glade in dark wood
pine branch in watchers hand
smoke of iron calls forth the forest guardian
hear the flight of winter geese
the running of the woodland host!
Hera the clash of brave antlers
in the name of the Lord fo Animals!
Hear the breathing of the God, rampant and fertile,
hear the footfalls af the antlered one.
hear Kernunnos enter stone glade in dark wood!"

from The Lost Books of Merlin






 O Solstício do Inverno celebra a supremacia da Luz sobre a Escuridão, na grande roda do eterno retorno.
 O Solstício relembra-nos que. por mais longa que noite possa ser, chegará sempre a madrugada,  
 prenunciadora de um novo dia, da vida que recomeça...

 "Rise, dear Lord of sunlight, rise.
 Return to us, and return us to the light.
 On winter days you live within us
 like a secret blaze.
 Rise now again, Lord Mithras,
 rise up victorious."

 from the Mithraist Rituals



 Neste Solstício relembremos  "The Book of Secrets", na mágica voz de Loreena McKennitt:


When the dark wood fell before me
And all the paths were overgrown
When the priests of pride say there is no other way
I tilled the sorrows of stone

I did not believe because I could not see
Though you came to me in the night
When the dawn seemed forever lost
You showed me your love in the light of the stars

Chorus:
Cast your eyes on the ocean
Cast your soul to the sea
When the dark night seems endless
Please remember me

Then the mountain rose before me
By the deep well of desire
From the fountain of forgiveness
Beyond the ice and the fire

Chorus

Though we share this humble path, alone
How fragile is the heart
Oh give these clay feet wings to fly
To touch the face of the stars

Breathe life into this feeble heart
Lift this mortal veil of fear
Take these crumbled hopes, etched with tears
We'll rise above these earthly cares

Chorus

Please remember me
Please remember me, ...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Chansons de Noël


        Até aos Reis, irei tentar apresentar, com regularidade, se possível todos os dias, uma versão de um tema Natalício. Existem inúmeras, "clássicas" ou não. Veremos as que mais agradam.
       Começamos bem: Les Petits Chanteurs à la Croix de Boix.

   

sábado, 11 de dezembro de 2010

Adeste Fideles


       "Adeste Fideles"

Adeste Fideles
Laeti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte
Regem angelorum
Venite adoremus
Dominum
Cantet nunc io
Chorus angelorum
Cantet nunc aula caelestium
Gloria, gloria
In excelsis Deo
Venite adoremus
Dominum
Ergo qui natus
Die hodierna
Jesu, tibi sit gloria
Patris aeterni
Verbum caro factus
Venite adoremus
Dominum


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hanukkah






















Baruch Atah Adonai, Barucha At Shekhinah,
Eloheinu Melech Ha-Olam;
Baruch Atah YHVH/Elohim,
Eloheinu Melech Ha-Olam -
asher kidishanu b'mitz'votav v'tzivanu l'had'lik neir shel Chanukah.
(Amein)"

"Abençoado sejas, Senhor. Abençoada a Tua Shekhinah,
Regente do Tempo e do Espaço;
Louvado sejas, Senhor,
Soberano do Universo -
Que nos purificaste com os Teus Mandamentos Que nos conduziste à Luz das Luzes do Hanukkah.
(Amen)"


Diz a Kabbalah que a Shekhinah é a Face da Divindade mostrada aos homens,a Luz da Sua presença. A Shekhinah é, igualmente, a parte materna da Divindade, a energia que vive (e dá vida) que habita no centro do Universo, que é o seu espírito, o seu sopro vital
"e  formou o Senhor o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." Genesis 2,7



 


Termina o Hannukah, a festa das luzes Judaica. Começa a celebração do Natal, a festa da luz, para os Cristãos.
 Que ambas sejam um símbolo da luz que deve arder no coração de toda a humanidade.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hanukkah
















O Zohar ensina que tudo é "novo" quando iluminado pela luz que existe para lá do Sol.

 Quando acendemos as velas, no Hanukkah, devemos olhar, não para o que as luzes iluminam, mas para a luz em si mesma.

 No entanto, para ver a luz, até podemos fechar os olhos. A luz que procuramos, não está nas velas do Hanukkah;está no nosso espírito, no nosso "eu", no nosso coração. 
A luz "para além da luz", a "luz que arde no centro do mundo" está ao nosso alcance, mas não podemos segurá-la com as mãos...

 Os Cabalistas ensinam que o Hanukkah é o símbolo da primeira parte do nosso trabalho: o "trilho da aprendizagem".

 Relembremos que, em cada dia, mais uma vela fica acesa, exactamente como a luz que procuramos: mais intensa, em cada dia que conseguirmos ver a luz das velas e não o que está em seu redor...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hanukkah

There are many stories about Hanukkah.
One of them is " The Light in the Window" by Rabbi Eli Hecht.

"During World War II there was a group of fighting Polish partisans who had broken out of the Nazi war camps. These partisans consisted of a few Jews and former Polish officers. They organized a resistance force that used to harass the Germans.

On one of their missions, they found an old, starving rabbi who had been left for dead by the Nazi murderers. One of the Catholic partisans took mercy on the man and nursed him back to health. The rabbi was of no real use to the partisans and was given the job of cooking and praying for the safety of the fighting men. Strangely, this group of partisans suffered no casualties for the rest of the war.

When the war was over the group broke up. Some went back to Poland; others traveled to Latvia. Others became wandering people with no homeland. As the Russian government clamped down on the people, depriving them of their freedom, the group decided to flee.

A plan was made to leave the Russian territories by night. An informant helping these escaping partisans told them, "You must cross the river in the winter when it's frozen. When you reach the other side of the river you'll be entering no-man's land. There you will find a hut. This hut is used by a Russian soldier who is in charge of preventing border crossings by all unauthorized people. His job is to shoot anything that moves. However, at one o'clock in the morning he leaves his hut and walks a few miles to the next hut, where he meets another soldier. There the soldiers exchange reports and supplies. Then he returns to his watch. The complete trip takes him approximately two hours. During that time, you can warm yourselves in his hut but you must be out of there by the time he returns."

This group of brave men consisted only of the younger people. Most of the older people had given up hope, deciding to remain behind in the Russian territories. The only old man willing to travel with them was the rabbi. A heated argument broke out: "Let's leave him," said one. "After all, he can find food in one of the towns. We really do not need to be slowed down by a frail, old man. We have done our share."

A religious Christian partisan exclaimed, "If we leave him, we are all doomed. I will not leave without him." Reluctantly, they included the rabbi.

It was a cold and miserable night. A blizzard broke out. Sure enough, the leader was correct: the old man could not keep up with the rigorous climbing and running. The blizzard increased and more than once they had to stop to carry the old rabbi. As light as he was, he was now a big burden, slowing down the entire group. More than once, they argued if they should just leave him.

It was one o'clock in the morning when they arrived at the hut which, by now, was half buried in the snow. They could smell the fire and warmth coming from the hut. They waited and waited for the soldier to leave. It seemed like forever.

It wasn't a moment too soon that the soldier left. Almost frozen to death, the fleeing group fell into the hut, each one trying to get his icy hands and frostbitten feet closer and closer to the fire.

The old rabbi moved away from the group. He opened a small bag and took out an old and rusty menora. Then he took a small piece of string, rolled it into a wick and proceeded to fill the menora with some oil from a small tin bottle that he miraculously had with him.

The very act of which was taking place put everyone into a trance. Not a word was uttered nor could a sound be heard. Spellbound, everyone watched the rabbi.

In a barely audible voice, the rabbi recited the blessings for the lighting of the menora, picked up the menora, and placed it by the window of the hut. Then he lit the menora and began to sing an old Jewish song, "Maoz Tzur-Rock of Ages," which speaks of G-d's miracles for his people.

Like an erupting volcano, the leader was jolted out of his stupor and yelled, "Put out that light! You will bring the Russian soldier back here. We will all be caught and shot."

The rabbi tried to explain that it was the first night of Chanuka and that he had kindled the light in order to keep the commandment of remembering the miracle of Chanuka. "No, " said the rabbi. He would not extinguish the flame. "It must burn for half an hour. This is according to the ancient Hebrew law."

Suddenly the door of the hut flew open. A tall soldier holding a machine gun yelled at the startled group to put their hands up into the air.

The Russian soldier approached the old rabbi, looked at the menora, and said to him in Russian, "I, too, am a Jew. I have not seen a menora in six years." He kissed the rabbi's beard and broke out into tears.

The soldier proceeded to tell the group, "After I left the hut I suddenly remembered that I had left some reports in a drawer. As I was returning I saw a light coming from the hut. I couldn't believe my eyes.

"There it was, a menora in no-man's land, in the middle of a blizzard, right in my hut."

The soldier told the group that they were safe and proceeded to take out a large bottle of vodka, giving each one a drink. He said, "It's good that I was on guard. Another guard would have killed all of you! Come. I will show you how to cross the border. Remember me, Rabbi. Pray that I have a Chanuka miracle and will be able to leave the army safely and be with my family."

The very shaken but relieved little group followed the soldier out across the border. Somehow they made their way to freedom and then they all went their separate ways. The old rabbi went to Israel. He told this story to fellow survivors who, in turn, told it to me as a small boy."

Quoted  from   http://www.lchaimweekly.org

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Hanukkah

 A festa do Hanukkah,celebra a demonstração do poder do Senhor, quando, na sequência da vitória da revolta contra os opressores, liderada pelos Macabeus,  apenas se encontrou uma ínfima quantidade de azeite sacralizado, para a lamparina que arde incessantemente no templo sagrado. Não deveria ser suficiente para um dia, mas ardeu, sem se apagar, durante todos os dias necessários para produzir novo azeite virgem e sacraliza-lo, por forma a manter a chama acesa. Essa a razão do Hanukkah, a festa das luzes, que, naturalmente, consigo arrasta muitas outras tradições, hábitos e costumes, que se foram enraizando, com o dobar dos séculos. 
Aqui recordaremos algumas, nos próximos dias.


Até lá: Feliz Hanukkah!!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Happy Thanksgiving






Over the river, and through the woods,
to Grandfather's house we go;
the horse knows the way to carry the sleigh
through the white and drifted snow.

 
Over the river, and through the woods,
to Grandfather's house away!
We would not stop for doll or top,
for 'tis Thanksgiving Day.

Over the river, and through the woods
oh, how the wind does blow!
It stings the toes and bites the nose,
as over the ground we go.

Over the river, and through the woods
with a clear blue winter sky,
The dogs do bark and the children hark,
as we go jingling by.

Over the river, and through the woods,
to have a first-rate play.
Hear the bells ring, "Ting a ling ding!"
Hurray for Thanksgiving Day!

Over the river, and through the woods
no matter for winds that blow;
Or if we get the sleigh upset
into a bank of snow.

Over the river, and through the woods,
to see little John and Ann;
We will kiss them all, and play snowball
and stay as long as we can.

Over the river, and through the woods,
trot fast my dapple gray!
Spring over the ground like a hunting-hound!
For 'tis Thanksgiving Day.

Over the river, and through the woods
and straight through the barnyard gate.
We seem to go extremely slow-
it is so hard to wait!

Over the river, and through the woods
Old Jowler hears our bells;
He shakes his paw with a loud bow-wow,
and thus the news he tells.

Over the river, and through the woods
when Grandmother sees us come,
She will say, "O, dear, the children are here,
bring pie for everyone."

Over the river, and through the woods
now Grandmothers cap I spy!
Hurray for the fun! Is the pudding done?
Hurray for the pumpkin pie!

Lydia Maria Child  1844 


                            


    

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Aniversário



Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
          Era uma vez uma princesa
          no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

   Mãe


   Eu cresci.


   Cresci cedo (demasiado?) e rápido, como se o mundo fugisse à minha frente, como se o tempo escapasse tão rapidamente que não o conseguisse agarrar.


   Mãe


   Eu não sei escrever como os poetas, que tanto amavas, mas as palavras de outros, maiores do que eu, falam por mim.

  Mãe

  O meu coração cresceu e ficou tão grande que não consegui guardá-lo só para Ti, porque não entendia o amor de Mãe, porque não era capaz de perceber o quanto me querias proteger e quanto prezavas a vida que eu teimava em dar.


  E dei Mãe. Entreguei a minha vida, com ambas as mãos,até  o meu sangue regar a areia escaldante e deslizar para o vazio,satisfeito por o meu coração não ter medo.


  E corri mundo Mãe, com as Gaivotas no mar e com os Condores em terra;desci aos vales fundos, onde o Sol não chega,subi altas montanhas onde o Sol queima os olhos. Senti o frio vento Norte e a cálida brisa iluminada pelo Cruzeiro do Sul...

 
   Mas não me esqueci das rosas.

   Feliz Aniversário, Mãe.


 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Austrálias"


Quem és tu velha carcaça

Que me apareces ao espelho?

Segues-me por pirraça,

Ou estou mesmo a ficar velho?



Lembro-me de mim,

Como um jovem a correr,

Pelas Austrálias (1) sem fim,

Onde tanto consegui aprender.



Por vezes com sal num saco,

Para um pepino temperar,

Depois de o lavar no regato,

Transforma-se em belo manjar.



Pelos campos que passava,

Só tinha de cuidar,

Que nada estragava,

Mas uma fruta podia tirar.



Depois vinha a perdição,

Ó paixão desvairada,

O futebol, minha maldição,

Que deixava minha mãe desesperada.



Por isso não reconheço

Esse que vejo ao espelho,

Será alguém com quem pareço?

Ou sou eu que estou a ficar velho?



(1) : Austrálias – Conjunto arborícola do tipo acácia da Austrália ou acácia negra que se localizava por trás de nossa casa em Gondomar (Nota do Autor)

Um jovem corre pelo bosque, com os olhos abertos pelas maravilhas que observa, atentamente, ou até, apenas, pelas imagens fugazes que correm perante si, entrevistas mas sempre misteriosas... Felizmente que jovens, como Alexandre Cardoso, crescem e se transformam em adultos que não perdem a capacidade de se maravilhar, seja perante a Hagia Sophia, na distante Istambul, seja perante as acácias em Gondomar, que "olham para trás" e conseguem - ainda - sentir a magia e vislumbrar um Fauno, correndo por entre as árvores...
De novo, no "Memórias" a presença de Alexandre Cardoso, poeta de corpo inteiro e que tenho a honra de considerar como irmão do coração.
Feliz Aniversário Alex. Que a felicidade te persiga por toda a tua vida!!!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Victória en San José

20 minutos y 700 metros una eternidad de espacio y tiempo.

Pero el coraje y la perseverancia gana todo!
La oscuridad de la mina no puede eliminar la luz brillante de la amistad iluminando la negrura bajo la tierra.
A 700 - setecientos - metros de profundidad, los hombres dijeron:"No nos damos por vencidos! La vida nos espera arriba,muy lejos de las manos y muy cerca del corazón y por ella lucharemos hasta la victoria!".


Y los dias se hacen semanas y las semanas se hacen meses pero el valor se mantuvo:

"No nos damos por vencidos!".





20 minutos y 700 metros una eternidad de espacio y tiempo.

Pero, cuando Florencio llegó arriba, el primero de los primeros,
miró a su alrededor y respiró el aire fresco del desierto, las lagrimas hace mucho tiempo atrapadas, todas las lloradas y todas las que hay para llorar,se liberaron de los ojos de todos y caieron nel suelo del Atacama, y donde las lagrimas caen los íris florecerán mas fuertes y más bellos, para siempre!

PS - Pido perdón à los lectores de idioma Castellano, por todos los errores ortográficos, pero esta es mi homenaje a los mineros de San José.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Centenário da República



"Lisboa amanheceu...ao som do troar da
artilharia. Proclamada por importantes
forças do exército...e auxiliada pelo
concurso popular, a República tem hoje
o seu primeiro dia de História"

5 de Outubro de 1910


Procurei longamente por uma versão de "A Portuguesa" que transmitisse o sentido Patriótico dos Portugueses.
Essa procura, surpreendentemente, terminou com os "Lobos" (Selecção Nacional de Rugby) a cantar o Hino Nacional.
Esse foi - é - um momento de exaltação patriótica empolgante, pela força e pela paixão demonstrada.
Feliz o País que tanto amor desperta.
Mas, infeliz o País que apenas em eventos desportivos consegue despertar nos seus cidadãos o orgulho de ser Português.
Infeliz o País que leva os seus cidadãos a demitirem-se do seu papel interventivo na sociedade, pelo cansaço extremo da vida, iludida e ilusória, que os sucessivos líderes provocaram.
Basta!
Portugal precisa, urgentemente, de renovar a sua força, a sua valentia, a sua vontade.
Peçam sacrifícios aos Portugueses, mas façam-no com honestidade e com coragem!
Chega de subterfúgios!
Os cidadãos deste País serão capazes de responder "Presente!", perante as adversidades e os problemas quando sentirem que podem confiar em quem os lidera.
Portugal só será UM quando conseguir que os seus cidadãos sintam vontade de gritar, bem alto: "Eu sou Português!", em todas os momentos e em todas as horas, quando sentirem no coração a força dos seus antepassados que clama por uma Nação "Valente e Imortal".
Quando a paixão que exaltam num estádio desportivo estiver presente na fábrica, na esquadra, na aldeia,na junta de freguesia.
Quando cada Português se sentir - e for efectivamente - cidadão de pleno direito.
Quando não existirem Portugueses de "primeira" e de "segunda" mas sim Portugueses, de corpo inteiro, de alma lavada e de coração aberto.

Possa hoje, 5 de Outubro de 2010, centenário da implantação da República, ser a faísca que
inflame o novo rastilho da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade entre os Portugueses.

Viva a República !

Viva Portugal!

República !





quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Outono 2010


O Sol ilumina fracamente a madrugada, por entre nuvens cor de cinza. Da minha varanda espraio os olhos pela rua de sempre, as casas e edifícios de sempre. O pequeno jardim, com dois bancos, onde idosos passam algum tempo, durante o dia e alguns casais jovens namoram, à noite, permanecem imutáveis. Mas, a primeira alvorada do Outono traz consigo uma brisa fresca, que agita suavemente as folhas caídas, espalhando um tapete em tons de vermelho, castanho e ouro, brilhantes com as gotas de orvalho, reflectindo a aurora, criando minúsculos arco-íris que iluminam o dia e aquecem o nosso coração...aquele movimento rápido que apercebemos, mesmo no instante em que saímos da varanda, de retorno ao aconchego, seria uma folha a esvoaçar? Ou um fauno, vislumbrado num breve momento de magia?
De novo, a beleza triste e nostálgica (mas pode a beleza existir sem nostalgia?) de Erik Satie a acompanhar esta mensagem.

sábado, 11 de setembro de 2010

September, 11th

Liberty will prevail !



Em 2009 escrevia o "Memórias e Novidades":

"11 de Setembro é,também,a recordação de um Povo,que não se rendeu à destruição e ao medo,a recordação dos sobreviventes,dos bombeiros,dos polícias,de todos os que se entre ajudaram e se apoiaram aos ombros uns dos outros, companheiros na luta pela salvação.
11 de Setembro é a história do Homem Comum,que,colocado perante a opção última,escolhe não se vergar ao medo e à dor,transfigurando-se no herói anónimo que auxilia o próximo,no momento do perigo iminente.
11 de Setembro é a história da vitória do Homem Comum."

Hoje, 11 de Setembro de 2010, recordamos, em especial, os Bombeiros e os Polícias caídos em 2001, que ofereceram o seu bem mais precioso, a vida, em troca da vida de todos aqueles que salvaram.




343 Bombeiros

72 Polícias

1 K-9







Todos permanecerão vivos na memória individual e colectiva. Todos, de uma forma ou de outra, estão amalgamados com as pedras, os escombros, o asfalto e o vidro. Todos se tornaram parte da cidade.
Ao passar pelo Ground Zero recordem que os vossos pés pisam terra regada com sangue e lágrimas. Lágrimas de desespero e de derrota, mas, também, lágrimas de esperança, de fé inquebrantável e de vitória!!

domingo, 5 de setembro de 2010

Shemá Israel




O Sh'ma Yisrael deverá ser recitado todos os dias ao amanhecer e ao pôr-do-sol.
As palavras, retiradas do Livro de Deuteronómio, capítulo 6, são das mais importantes para os Judeus. O vídeo reproduzido demonstra a recitação do Sh'ma Yisrael, no Kotel, no dia antes do Yom Kippur.


"Sh'ma Yisrael Adonai Elohyanu Adonai Echad."

"Ouve, Israel, Adonai é nosso D'us, Adonai é Um."

Rosh Hashanah 2010



Faltam aproximadamente 3 dias para o Rosh Hashanah, que será celebrado no 29º dia de Elul de 5770 - ao pôr-do sol de 8 de Setembro de 2010 -marcando a chegada do 1º dia de Tishrei de 5771 do Calendário Judaico,início do Novo Ano Judaico.
Não se esqueçam das maçãs e do mel...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Old Spells


Dark Satanic Mills



And did those feet in ancient time.
Walk upon Englands mountains green:
And was the holy Lamb of God,
On Englands pleasant pastures seen!

And did the Countenance Divine,
Shine forth upon our clouded hills?
And was Jerusalem builded here,
Among these dark Satanic Mills?

Bring me my Bow of burning gold;
Bring me my Arrows of desire:
Bring me my Spear: O clouds unfold!
Bring me my Chariot of fire!

I will not cease from Mental Fight,
Nor shall my Sword sleep in my hand:
Till we have built Jerusalem,
In Englands green & pleasant Land


William Blake




domingo, 4 de julho de 2010

4th July



XVIIIth Century


July 4th,1776

From the "Declaration of Independence":



"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness."






XIXth Century



November, 1863

From the "Gettysburg Adress":


"Four score and seven years ago our fathers brought forth on this continent, a new nation, conceived in Liberty, and dedicated to the proposition that all men are created equal.
(...)It is rather for us to be here dedicated to the great task remaining before us -- that from these honored dead we take increased devotion to that cause for which they gave the last full measure of devotion -- that we here highly resolve that these dead shall not have died in vain -- that this nation, under God, shall have a new birth of freedom -- and that government of the people, by the people, for the people, shall not perish from the earth."








XXth Century



Raising the Flag on Iwo jima , 1945





May the blood of the fallen ones sprinkle the tree of Liberty

for everlasting times.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Solstício do Verão

21 Junho 2010




"O ritmo antigo que há em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança"(...)
in "O Ritmo Antigo" de Ricardo Reis
Visto da minha varanda, o Sol desaparece, a Ocidente, em amarelo e vermelho, misturado com rosa e azul, enquanto as sombras se espalham pelo casario. Apurando os sentidos conseguimos escutar o "ritmo antigo", o rufar dos tambores e o toque das flautas, o murmúrio das folhas verdes sob os "pés descalços"...

El Amor Brujo


A "Dança Ritual do Fogo" integra a suite "El Amor Brujo", de Manuel de Falla.
Assim, também, é o Solstício do Verão, dia em que o Sol se "imobiliza" sobre a Terra, noite em que os faunos percorrem a floresta, em que a magia se liberta, em que os velhos rituais retomam, ainda que por poucas horas, o seu lugar de direito, na relação mágica da Natureza e do Homem, na (re)união do Sol e da Terra...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Stravinsky

Igor Stravinsky


O "Pássaro de Fogo" traça, em labaredas rubras, o seu caminho pelos céus penumbrentos, arauto da Liberdade e da Esperança. Liberdade do Espírito e Esperança na Divindade Humana, proclamando o "Quinto Império" de Vieira ou de Pessoa.

Imagens da minha varanda

07 Junho 2010

Dias de tempestade...
Em duas semanas chegaremos ao Solstício do Verão. Seria previsível aguardarmos dias luminosos, cálidos, de suaves brisas agitando os cabelos,em que, quando paramos,escutamos as águas dos regatos, murmurando ternamente as palavras que os regatos cantam, por entre os seixos,ao fim da tarde.
No entanto,ao fim do dia, apenas vejo nuvens carregadas, anunciadoras de chuva e tempestade, retrato fiel dos dias que vivemos:conturbados e cinzentos,socialmente tristes.
Da minha varanda vejo o céu plúmbeo e recordo a "Mensagem" de Fernando Pessoa:



Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!



Valete, Fratres.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Fernando Lopes Graça


Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!


José Gomes Ferreira é mais um dos poetas "esquecidos", mas que sempre, enquanto o "Memórias" existir, serão aqui recordados. Recordados pela beleza das suas palavras, pela dureza das suas estrofes, pela verdade nas suas atitudes, pela coragem nos seus corações. Igualmente, muitos outros vultos da cultura Portuguesa, defensores intransigentes da Liberdade, se levantaram contra o regime iniciado em 28 de Maio. Fernando Lopes Graça, um dos maiores compositores nacionais, contemporâneos, foi o autor da partitura, entretecendo, na sua heróica música, o clamor das palavras do poeta. Um grito de ousadia, numa terra silenciosa...

28 de Maio de 1926


Nestes últimos meses o tempo disponível tem sido tão pouco que até as mensagens publicadas neste espaço diminuiram drásticamente, mas, ainda assim, não posso deixar passar este dia, sem relembrar o golpe militar de 1926. Recordo que o movimento, incentivado pelos sectores mais reaccionários da sociedade Portuguesa, acendeu o rastilho em 27 de Maio, com o inflamado discurso de Cunha Leal. É a Braga que chega o General Gomes da Costa ao fim do dia 27 e é de Braga que arranca o "Movimento", em 28 de Maio de 1926, numa emulação da fascista "Marcha sobre Roma"...
A 29 de Maio demite-se o governo, a 31 de Maio os golpistas determinam o encerramento do Congresso da República e Bernardino Machado demitia-se. A 3 de Junho Oliveira Salazar era chamado para a pasta das finanças. A génese do Estado Novo estava em marcha, em direcção a meio século de tirania...
Apenas mais uma nota: o inflamado Cunha Leal, mentor do golpe militar, é preso e deportado, logo em 1930...

Imagens da minha varanda


01 Maio 2010
É interessante como, em viagem, reparamos na beleza de uma paisagem ou apreciamos um pôr-de-sol, mas, normalmente, não estamos atentos ao que se encontra perto de nossa casa. Esse o motivo porque pretendo, sempre que possível, colocar aqui algumas imagens do mundo, como se vê quando olho por uma janela ou assomo à varanda.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Richard Strauss


"Also spracht Zaratustra" é um poema sinfónico, da autoria de Richard Strauss. Acredito que uma percentagem das pessoas associe esta composição ao filme "2001: Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick, magistralmente acompanhando a "alvorada do homem". Também a exploração espacial se encontra, ainda, na sua "alvorada" ( embora Strauss, neste poema sinfónico, pretenda, antes de tudo o mais, dar asas à sua busca do "homem interior", tão querido aos maçons...)

Atlantis



O Atlantis descolou no passado dia 14, para a missão STS-132, que se prolonga por 12 dias. Esta será a última missão do Atlantis, acompanhando o aproximar do fim do programa "space shuttle". Devido a múltiplos condicionalismos, os programas espaciais, como é hábito, são relegados para um plano secundário, subalternizados pelas preocupações económicas dos estados.
Claro que a subserviência dos estados, em relação ao que agora, eufemísticamente, se chamam os "mercados" é uma questão que não cabe nesta mensagem, mas convém meditar na forma pouco inteligente como os dirigentes políticos e/ou os líderes sociais encaram as questões realmente importantes, como tomar medidas para combater as mudanças climáticas, ou aprofundar a investigação nos campos sociais e científicos, colocando estes - sempre - ao serviço do bem estar social e do progresso das nações.
Seja como for, as agências espaciais, vão desbravando novos caminhos, com "engenho e arte"...

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril de 1974




Eu Sou Português Aqui

Eu sou português
aqui
em terra e fome talhado
feito de barro e carvão
rasgado pelo vento norte
amante certo da morte
no silêncio da agressão.

Eu sou português
aqui
mas nascido deste lado
do lado de cá da vida
do lado do sofrimento
da miséria repetida
do pé descalço
do vento.

Nasci
deste lado da cidade
nesta margem
no meio da tempestade
durante o reino do medo.
Sempre a apostar na viagem
quando os frutos amargavam
e o luar sabia a azedo.

Eu sou português
aqui
no teatro mentiroso
mas afinal verdadeiro
na finta fácil
no gozo
no sorriso doloroso
no gingar dum marinheiro.

Nasci
deste lado da ternura
do coração esfarrapado
eu sou filho da aventura
da anedota
do acaso
campeão do improviso,
trago as mão sujas do sangue
que empapa a terra que piso.

Eu sou português
aqui
na brilhantina em que embrulho,
do alto da minha esquina
a conversa e a borrasca
eu sou filho do sarilho
do gesto desmesurado
nos cordéis do desenrasca.

Nasci
aqui
no mês de Abril
quando esqueci toda a saudade
e comecei a inventar
em cada gesto
a liberdade.

Nasci
aqui
ao pé do mar
duma garganta magoada no cantar.
Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.

Eu sou português
aqui
o português sem mestre
mas com jeito.
Eu sou português
aqui
e trago o mês de Abril
a voar
dentro do peito.

José Fanha
Em Portugal, passados 36 anos, cada vez menos se sente "Abril a voar no peito". Cada vez mais reduzimos a nossa existência ao arrebique da moda, ao gadget tecnológico, ao concurso de dança...cada vez menos pensamos nos "outros", que vivem paredes meias connosco, mas que não conhecemos e não queremos conhecer, porque, ao conhecer, estaremos a abrir uma brecha, na muralha da ausência de sentimento e vamo-nos sentir incomodados, talvez até, pensar que é "preciso fazer alguma coisa", para alterar o estado degradante a que chegou a nossa sociedade.
Mas, felizmente, são pensamentos breves, fugazes, rápidamente ultrapassados pelo interesse em saber o que aconteceu à "fulaninha" da nóva série de vampiros que passa na televisão.
A nossa sociedade, fundamentalmente, preocupa-se em permitir-nos viver sem "pensar", sem "reflectir" sobre a nossa vida, o nosso mundo e o que nos rodeia. Bombardeia-nos, diáriamente, com mensagens, directas ou não, transformando o acessório em algo que reputamos imprescindível para viver. Aquietamos a nossa consciência dando contributo para os desalojados de uma tempestade, mas, somos incapazes de ir "mais além".
Até quando?

sábado, 24 de abril de 2010

25 de Abril de 1974

Um dos grandes, senão o maior, erros, do regime ditatorial Português, foi não ter entendido, ou recusar-se a entender, que a independência das colónias era imparável. Os regimes colononialistas, após a II Guerra Mundial, mais ainda depois de Dhien Bhien Phu e da crise do Suez, tentaram salvaguardar os privilégios possíveis, mantendo a influência política e económica, mais ou menos encapotada, mas, necessitaram de aceitar a independência dos territórios ultramarinos. O governo Português, "orgulhosamente só", apenas conseguiu chacinar as populações Africanas, e mandar para a morte, os seus próprios filhos, em "defesa" de uma "Pátria" irreal.

Quando comecei a escrever este "post", pensava concluir com o belo e terrível poema de Fernando Pessoa "O menino da sua Mãe", mas, entretanto, um outro me aflorou a memória: "Menina dos Olhos Tristes", que escutei, pela primeira vez, por 1972/73, numa estação de rádio estrangeira, e rememorei toda essa época, reviví esse tempo soturno, triste, de ar pesado que sofucava, que prendia os pulmões, não os deixando respirar, ao mesmo tempo que prendia os sentimentos e acorrentava os corações de um povo inteiro. Algumas vozes, corajosas, mantinham, no entanto, acesa a chama da luta pela Liberdade, que, ainda que silenciosamente, se aproximava..
A voz é de Adriano Correia de Oliveira, uma das mais belas vozes Portuguesas da segunda metade do século XX.

Glória aos esquecidos!



Menina Dos Olhos Tristes
Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar

Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar

quarta-feira, 21 de abril de 2010

25 de Abril de 1974




José Carlos Ary dos Santos foi (é...) um dos maiores poetas Portugueses do século XX. Homem de convicções fortes, de enorme coragem, que nunca se submeteu ao regime que
oprimia a sua capacidade criadora. Actualmente pouco se ouve falar deste "grande" das letras Portuguesas, assim como Teresa Silva Carvalho, também esquecida, na voragem do tempo. A memória dos povos, infelizmente, tem muitas falhas.
A canção que se escuta possui a raridade de reunir as qualidades de três artistas incomuns: a beleza das palavras de Ary, a invulgaridade da voz de Teresa e o génio de Albinone.


Que mais se pode pedir?






Ai quanto caminho andado
desde o primeiro poema
quanto furor amassado
com mãos de alegria e pena
ai quanto caminho andado
serena.

Chamo por ti mas tu não vens
dentro de mim te chamo
mas tu não estás
mas tu não vês
meu amor tu não és
quem amo.

Ai quanto caminho andado
sozinha dentro de mim
quanto amor ensanguentado
quanto arrancado jardim
ai quanto caminho andado
sem fim.




25 de Abril, sempre!









segunda-feira, 19 de abril de 2010

25 de Abril de 1974


Dentro de 6 dias, completam-se 36 anos após a revolução de 25 de Abril de 1974. Passadas quase quatro décadas, parece pretender-se apagar da memória essa data, esvaziando-a de significado, modificando a sua génese, enviando para o caixote do lixo a história de muitos Portugueses, homens e mulheres, que lutaram até à exaustão, para que um dia, Portugal pudesse ser livre. O "Memórias e Novidades", nos próximos dias, irá recordar alguns, que estão esquecidos, para que, pelo menos neste recanto, a memória permaneça...
Iniciamos com José Afonso, nome maior da música Portuguesa do século XX.

"Vejam Bem"



Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Publicar, agradar, apreciar...

Perguntas-te há uns dias,
Se podias publicar,
Digo-te sem euforias,
Que isso me iria agradar.

Não entendo muito bem,
Quem deles poderia gostar,
Pois meus versos nada têm,
Que faça alguém para eles olhar.

Aceitei o desafio,
De continuar a criar,
Com calor ou com frio,
Frases que vão rimar.

Sempre que um verso criar,
Nem que seja alem mar,
Eu irei te enviar,
Para que o possas apreciar.

Alexandre Cardoso






Alexandre Cardoso, já aqui mencionado, é um homem ciêntifico. Trabalha com matemática, com geometria, com electrónica...dito de outra forma, reúne e utiliza, quotidianamente, um conjunto de saberes "exactos", "medidos a compasso e a esquadro".
Todavia, Alexandre Cardoso, consegue, de igual modo, "sentir" a beleza , que não se mede, a bondade, que não se pesa, o espírito criador ( por isso, livre...) que não se prende com os grilhões da "tecnologia". Também por isso o "calor e o frio", seja aquém ou além mar, não o conseguirão parar... exactamente como o "Movimento Perpétuo", de Carlos Paredes.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Estados de Alma


Da nossa varanda, ao entardecer, apreciamos a beleza das cores, o seu contraste, sentimos a brisa suave que nos refresca a pele, ao fim de um quente dia de verão...Calma e tranquilidade...mas, quantas vezes, reparamos como as núvens se torcem, numa curva doentia, como os tons de azul e laranja escurecem, até ao índigo e ao negro, como um grito de angústia que quer sair do peito e borbulha, em golfadas, pela nossa garganta,mas que acorrentamoss cá dentro, que controlamos, que mantemos preso, perdendo mais um pouco da nossa vida, cauterizando, a fogo lento, mais uma ferida no nosso coração.
Assim são os nossos estados de alma, as "Sobreposições", como lhes chamou o mestre Jorge Peixinho: melódicas mas dissonantes, harmoniosas mas com arestas, suaves mas ríspidas...

terça-feira, 16 de março de 2010

"If"


Rudyard Kipling é - seguramente - mais conhecido pelo seu "Livro da Selva" do que pela sua faceta de poeta. Mas, hoje, pretendo despertar o interesse por essa vertente, na obra de Kipling e, penso que o célebre "If" será um bom começo. Apresento a versão original, em Inglês, com versão em português de minha autoria ( com antecipado pedido de desculpa pelos erros...):
"If"

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:
If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;

If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings--nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And--which is more--you'll be a Man, my son!
Se
Se confiares em ti próprio quando os outros homens duvidem de ti
Mas lhes perdoares a sua desconfiança.
Se conseguires esperar sem perder a esperança,
Ou quando te mentirem não mentires,
Ou quando te odiarem, não devolveres o ódio,
Mas sem tentar parecer "santo", nem "sábio";
Se conseguires sonhar, mas não permitires que os sonhos te governem,
Se conseguires pensar, mas não tornares os pensamentos em teu senhor;
Se conseguires encarar o Triunfo e a Derrota
E tratar esses dois impostores da mesma forma;
Se conseguires escutar a verdade que disseres
Distorcida para enganar os simples,
Ou ver as ideias pelas quais deste a tua vida, partidas
E tentares renová-las com ferramentas gastas;

Se conseguires fazer um monte de todos os teus ganhos,
E arriscar tudo numa cartada,
E perder, e recomeçar novamente,
Sem suspirar pelo que perdeste;

Se conseguires comandar o coração e os nervos e os músculos,
Para se manterem a funcionar para além do limite,
Sem nada que os mantenha,
A não ser a tua vontade, que lhes grita:"Aguenta!"

Se conseguires falar para as multidões e manter a tua virtude
Ou passear com Reis - sendo sempre um homem comum.
Se nem os teus inimigos nem os teus queridos te puderem magoar
Se todos os homens contarem, para ti, mas não demasiado,
Se conseguires preencher um minuto
Com valorosos sessenta segundos,
Tua será a Terra e tudo o que nela existe
Mas, ainda mais importante meu filho,
Serás um Homem!