segunda-feira, 21 de junho de 2010

Solstício do Verão

21 Junho 2010




"O ritmo antigo que há em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança"(...)
in "O Ritmo Antigo" de Ricardo Reis
Visto da minha varanda, o Sol desaparece, a Ocidente, em amarelo e vermelho, misturado com rosa e azul, enquanto as sombras se espalham pelo casario. Apurando os sentidos conseguimos escutar o "ritmo antigo", o rufar dos tambores e o toque das flautas, o murmúrio das folhas verdes sob os "pés descalços"...

El Amor Brujo


A "Dança Ritual do Fogo" integra a suite "El Amor Brujo", de Manuel de Falla.
Assim, também, é o Solstício do Verão, dia em que o Sol se "imobiliza" sobre a Terra, noite em que os faunos percorrem a floresta, em que a magia se liberta, em que os velhos rituais retomam, ainda que por poucas horas, o seu lugar de direito, na relação mágica da Natureza e do Homem, na (re)união do Sol e da Terra...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Stravinsky

Igor Stravinsky


O "Pássaro de Fogo" traça, em labaredas rubras, o seu caminho pelos céus penumbrentos, arauto da Liberdade e da Esperança. Liberdade do Espírito e Esperança na Divindade Humana, proclamando o "Quinto Império" de Vieira ou de Pessoa.

Imagens da minha varanda

07 Junho 2010

Dias de tempestade...
Em duas semanas chegaremos ao Solstício do Verão. Seria previsível aguardarmos dias luminosos, cálidos, de suaves brisas agitando os cabelos,em que, quando paramos,escutamos as águas dos regatos, murmurando ternamente as palavras que os regatos cantam, por entre os seixos,ao fim da tarde.
No entanto,ao fim do dia, apenas vejo nuvens carregadas, anunciadoras de chuva e tempestade, retrato fiel dos dias que vivemos:conturbados e cinzentos,socialmente tristes.
Da minha varanda vejo o céu plúmbeo e recordo a "Mensagem" de Fernando Pessoa:



Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!



Valete, Fratres.