quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ailton Rocha

Palavra e Melodia





 Inscrição para minha Lápide


Se algum dia eu tiver uma,
peço aos amigos que inscrevam
palavras em minha lápide:
algum verso colhido de meu riso,
da dor ou da resignação. Não importa!
Mas quero o meu sorriso presente
na derradeira hora da benção
para que todos cantem comigo.

E se,
nos tempos a virem, nada tiver de meu
que compre uma lápide bela e vã,
e tiver que adormecer a cabeça
sob a sombra úmida de um canteiro,
peço-vos que guardem no coração
a minha mais pura lembrança.

E que o corpo seja húmus para a terra,
o meu coração seja vida para as flores,
e que o nome retorne ao que era:
palavra nas águas, brisa nas árvores.

Que todos os meus andrajos da vida
sejam devolvidos à mesma terra
de que foram feitos. Porque a alma,
esta eu devolvo pessoalmente

A Deus.

Ailton Rocha





       Poços de Caldas, no estado de Minas Gerais, Brasil, não se limita a apresentar-nos belas paisagens, a hospitalidade do seu povo ou a "Pedra do Balão". Por entre as muitas maravilhas surge a beleza das palavras de um dos mais interessantes poetas da língua Portuguesa contemporânea: Ailton Rocha.
       Do seu "Palavra e Melodia", que os leitores do "Memórias" poderão encontrar nos Sites Amigos, reproduzo uma "Inscrição". "Inscrição" para ler, reler, tornar a ler e meditar. Para pensar, analisar e - acima de tudo - sentir. Porque, essencialmente, a "Inscrição" deve ser lida com o coração. Não importa se está "bem escrita" ou se a "métrica" é perfeita (e tanto uma como outra se aproximam da perfeição...). O que verdadeiramente importa é o sentimento, a emoção e a sabedoria que nos transmite e se, para usar as palavras de Augusto Gil, " uma infinita tristeza, uma funda turbação, entra em mim, fica em mim presa", essa mesma tristeza entrelaça com algumas das mais belas palavras escritas neste dealbar do século XXI.





quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rosh Hashanah

   1º de Tishrei de 5772


   L'Shanah Tovah Umetukah!



   Vivemos o Yom Teru'ah, primeiro dia do Rosh Hashanah, o ano novo Judaico.
  
   Neste dia foram criados Adão e Eva, assim como também neste dia Noé libertou uma pomba, pela terceira e última vez, após o dilúvio.

   Neste dia praticamos o ritual do Tashlikh, meditando e rezando perto de um curso de água,para a qual atiramos os nossos pecados ("... e enviarás todos os seus pecados para as profundezas do mar...")






      Sim, que este novo ano seja um ano doce para todos os Judeus, desde a mais alta montanha até aos vales mais fundos. Que todos possam vislumbrar o reflexo da luz de Adonai!





    A B'rosh Hashanah canta a oração "U'Netaneh Tokef", que foi recitada pelo Rabbi Amnon, de Mainz, nos seus últimos momentos de vida.





Tizku leshanim rabbot!

domingo, 25 de setembro de 2011

Outono



             Terminam as colheitas: celebramos o
Mea'n Fo'mhair,  a generosidade da Terra. Festejamos os últimos dias quentes enquanto
preparamos a terra para as novas sementeiras.

         Ao fim do dia regressamos por um caminho atapetado a verde esmeralda  e castanho dourado. Sentimos os pés cansados e no rosto a brisa fresca, prenúncio do frio agreste que se aproxima, mas o fumo na chaminé dá-nos força para acelerar o passo. 
         Ao entrar sentimos o calor da lareira, o cheiro do pão, o aroma da sopa acabada de fazer...estamos em casa.