segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Joaquin Rodrigo


Para acompanhar a beleza das palavras, escritas por Mário Ricca e por Aílton Rocha,a beleza da música de Joaquin Rodrigo.Com ele,entramos no mundo da "fantasia".A "fantasia" do nosso interior,a beleza que os olhos,muitas vezes,não contemplam,mas que o coração vê,com os seus cambiantes de côr e de luz.
A interpretação é de Narciso Yepes,indiscutívelmente um dos "grandes" da guitarra clássica.

Última Thule

Sunday, 13 September 2009
Fog over my town




Fog

The fog comes
on little cat feet.

It sits looking
over harbor and city
on silent haunches
and then moves on.

Carl Sandburg






Fog often falls over my town, in the morning. It gets misterious and acquires a distinctive beauty. I have learned to like a foggy dawn.

Mário


Mário Ricca e a sua paixão pelos destinos misteriosos,longínquos,nevoentos...ainda que tão próximos como a nossa própria cidade.









Palavra e Melodia

Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009








Se algum dia eu tiver uma,
peço aos amigos que inscrevam
palavras em minha lápide:
algum verso colhido de meu riso,
da dor ou da resignação. Não importa!
Mas quero o meu sorriso presente
na derradeira hora da benção
para que todos cantem comigo.
E se,nos tempos a virem,
nada tiver de meu
que compre uma lápide bela e vã,
e tiver que adormecer a cabeça
sob a sombra úmida de um canteiro,
peço-vos que guardem no coração
a minha mais pura lembrança.
E que o corpo seja húmus para a terra,
o meu coração seja vida para as flores,
e que o nome retorne ao que era:
palavra nas águas, brisa nas árvores.
Que todos os meus andrajos da vida
sejam devolvidos à mesma terra
de que foram feitos. Porque a alma,
esta eu devolvo pessoalmente
a Deus.

Novembro-2001

Postado por Ailton Rocha às 22:19
"Palavra e Melodia" traz-nos o esplendor da palavra de Aílton Rocha.
Palavra carregada com o peso e a beleza dos trópicos,relembrando os
clássicos da literatura desse tão belo País.À memória ressalta-me,de
imediato,um nome:Olavo Bilac...

O Livro de Areia

"Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2008
Felicidade

Deve ser feliz, quem está lá dentro...








Em boa verdade, só se é feliz na nostalgia. Num duradouro estado de nostalgia. Na memória de bem estar pré-natal que a imagem evoca - deve estar calorzinho à lareira , alguém nos protege, a porta entreaberta....


: Mário , em 12/26/2008 05:48:00 PM 0 comentários "

Mário Ricca,e a sua capacidade de síntese.A nostalgia do bem-estar,do conforto(não só físico),do aconchego...

Novos "Sites Amigos"


Igualmente,embora por motivos diferentes,tem o "Memórias e Novidades" razão para celebrar.Os leitores mais atentos terão reparado na inclusão de mais três endereços nos "Sites Amigos"
Última Thule
O Livro de Areia
Palavra e Melodia
Por todos eles, repassa o prazer de "conhecer o mundo" e o gosto pela música e pelas palavras.Todos,cada um no seu estilo,demonstram o profundo conhecimento dos seus autores e a sua capacidade para transmitir ideias e conceitos,muitas vezes complexos,em linguagem simples que,em vez de confundir,esclarece.

Yom Kippur


Neste dia 28 de Setembro o "Memórias e Novidades" tem vários motivos para celebrar:em primeiro lugar relembrar que os Judeus,estão terminando o período do Yom Kippur,talvez o mais importante "dia" para a religião Judaica.Permito-me citar o trecho de um texto publicado no site "Chabad.org" :
" On Yom Kippur, G‑d mercifully erases all the sins we have committed "before G‑d"—but not the sins we may have committed against our fellow man. If we really want to come out of this holy day completely clean, we need to first approach any individual whom we may have wronged and beg their forgiveness. This applies whether the offense was physical, emotional, or financial (in which case, seeking forgiveness is in addition to making appropriate monetary restitution)."
Este parágrafo resume o príncipio condutor do conceito subjacente ao Yom Kippur.Repensar a nossa relação com o Divino,mas,igualmente,a nossa relação com os outros seres humanos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Outono


Outono
Prenúncio do Inverno que se aproxima,dos céus plúmbeos,da chuva fria, do vento forte que vem das gélidas terras Boreais,que sopra das serranias,duras e agrestes,acompanhado pelo uivar dos lobos,selvagem e lamentoso...
Poderá existir maior beleza(ainda que triste...) que a nostalgia de Deméter por Perséfone?
Olhai,não os lírios do campo,mas as folhas douradas e vermelhas,castanhas de muitas tonalidades,com toques de verde musgo e traços de esmeralda,num qualquer bosque,não longe das nossas cidades...
Se Steinbeck nos lembra de um "Deus desconhecido" e Almeida Garrett procura um "Ignoto Deo",talvêz o consigamos encontrar,dentro de nós,num qualquer jardim,por entre as árvores que fenecem lentamente,quando formos capazes de as escutar com o coração...

Ignoto Deo



Ignoto Deo

(D. D. D.)
Creio em ti, Deus; a fé viva
De minha alma a ti se eleva.
És: - o que és não sei. Deriva
Meu ser do teu: luz... e treva,
Em que - indistintas! - se envolve
Este espírito agitado,
De ti vêm, a ti devolve.
O Nada, a que foi roubado
Pelo sopro criador
Tudo o mais, o há-de tragar.
Só vive do eterno ardor
O que está sempre a aspirar
Ao infinito donde veio.
Beleza és tu, luz és tu,
Verdade és tu só. Não creio
Senão em ti; o olho nu
Do homem não vê na terra
Mais que a dúvida, a incerteza,
A forma que engana e erra.
Essência! a real beleza,
O puro amor - o prazer
Que não fatiga e não gasta...
Só por ti os pode ver
O que, inspirado, se afasta,
Ignoto Deo, das ronceiras,
Vulgares turbas: despidos
Das coisas vãs e grosseiras
Sua alma, razão, sentidos,
A ti se dão, em ti vida,
E por ti vida têm. Eu, consagrado
A teu altar, me prostro e a combatida
Existência aqui ponho, aqui votado
Fica este livro - confissão sincera
Da alma que a ti voou e em ti só spera.

Almeida Garrett in "Folhas Caídas"

D.D.D.


(dat, donat, dedicat )
(dá, sacrifica, consagra)



Autumn Fires




Autumn Fires



In the other gardens
And all up the vale,
From the autumn bonfires
See the smoke trail!


Pleasant summer over
And all the summer flowers,
The red fire blazes,
The grey smoke towers.


Sing a song of seasons!
Something bright in all!
Flowers in the summer,
Fires in the fall!

Robert Louis Stevenson

Perséfone


Hades,encontrou Perséfone colhendo flores,e,de imediato, loucamente apaixonado,levou-a consigo para o o seu reino,para dela fazer Rainha do Mundo Inferior.
Deméter,sua Mãe,longamente procurou Perséfone,mas,não a encontrando,tão grande foi o seu sofrimento que as flores e as árvores secaram,murcharam e muitas morreram.
Mas,vendo os maiores Deuses do Olimpo a sua dor,conseguiram um acordo com Hades,para o regresso de Perséfone.
No entanto Hades tinha já dado a Perséfone uma pequena româ,que não permitiu o afastamento completo entre ambos,pelo que Perséfone,no Outono,regressa ao Reino de Hades.
Assim,todos os anos,vemos a tristeza bela e nostálgica,das folhas douradas,caídas no chão,invadir o mundo,símbolos da dor de Deméter.

Equinócio do Outono



22 de setembro de 2009
Hoje,pelas 2218, hora Portuguesa,passamos pelo Equinócio do outono.


"Vai-te ao longo da costa discorrendo,
e outra terra acharás de mais verdade,
lá quase junto donde o Sol ardendo
iguala o dia e noite em quantidade."

Lusíadas,II,63.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Rosh Hashanah


1º de Tishrei de 5770
Rosh Hashanah
Que o Novo Ano,seja abençoado,e que reine a Paz nos nossos corações.
Estamos na hora de inclinar a cabeça,escutar o Shofar e receber a Benção
de Aarão....

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Heart o' the North



Já aqui mencionei Robert Service.Recebi,há poucos dias,uma colectãnea dos seus poemas.Em cada um,me encanto com a ternura que entrelaça as suas palavras,mesmo as
aparentemente mais duras.Duras como a paisagem,agreste,fria,ventosa,terrível...mas de uma beleza que faz perder a respiração,que nos faz sentir pequenos,como realmente somos,mas que nos aproxima,igualmente,dessa "flama imperecível,que arde no meio do Universo".Leia-se o poema seguidamente transcrito:

" Heart o' the North


And when I come to the dim trail-end,
I who have been Life’s rover,
This is all I would ask, my friend,
Over and over and over:

A little space on a stony hill
With never another near me,
Sky o’ the North that’s vast and still,
With a, star to cheer me;

Star that gleams on a most-grey stone
Graven by those who loved me-
There would I lie alone, alone,
With a single pine above me;

Pine that the north wind whinnys trough-
Oh, I have been life’s lover!
But there I’d lie and listen to
Eternity passing over. "

Poderá alguém querer melhor final?

Não tive a oportunidade de conhecer o território do Alaska,mas,ao longo dos meus anos de "vagabundagem",conheci várias terras Boreais,e,poucas noites tão terrívelmente frias e belas viví,como as iluminadas pela Aurora Boreal.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

September,11th

3000 mortos

A 11 de Setembro a morte saíu à rua e voou em asas velozes,mais rápida do que o vento,com um grito lancinante ,trazendo o terror e a destruição,calcinando vidas em chamas intensas ,derretendo vidro e aço,derrubando altas torres,como se um vulcão impetuoso explodisse no centro da cidade.
11 de Setembro é a história de um Povo,trespassado pela lâmina da dor e do sofrimento,a história dos perdidos nas labaredas,dos desaparecidos,dos esmagados,dos caídos...
11 de Setembro é,também,a recordação de um Povo,que não se rendeu à destruição e ao medo,a recordação dos sobreviventes,dos bombeiros,dos polícias,de todos os que se entreajudaram e se apoiaram aos ombros uns dos outros, companheiros na luta pela salvação.
11 de Setembro é a história do Homem Comum,que,colocado perante a opção última,escolhe não se vergar ao medo e à dor,transfigurando-se no herói anónimo que auxilia o próximo,no momento do perigo iminente.
11 de Setembro é a história da vitória do Homem Comum.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Rosh Hashanah


Estamos a dez dias do Novo Ano judaico, a festa do Rosh Hashanah,que se celebra em 19 de Setembro.Aproximam-se os dias mais importantes do Judaísmo:o Novo Ano,e os dez dias de
arrependimento,que culminam no Yom kippur.Chegamos ao momento de reflectir,de analisar o nosso passado e de preparar o nosso futuro,procurando, sempre,evoluir no caminho da Justiça e da Rectidão.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Pachelbel


"Kanon"poderá,eventualmente,levar-nos a imaginar combates,guerras,todas as formas de violência a que,geralmente,associamos algumas palavras,mas,neste caso,"Kanon" refere-se ao título de uma composição de Johann Pachelbel,talvêz uma das mais belas da música barroca.
Como acabei de publicar um "post" sobre a Rua do Gato que Pesca,pensei em acompanhar a mensagem com uma daquelas músicas românticas,de acordeão ,típicamente Parisienses,mas,creio que a singeleza,a suavidade,e a melancolia de Pachelbel,retratam,mais acertadamente,o estado de espírito dos exilados(seja em Paris,ou em New York,ou em Luanda...)

La Rue du Chat-qui-Pêche

" (...)E os outros na Rua do Gato que Pesca e nos pequenos hotéis de Paris e do mundo inteiro?´
É esta,sem dúvida,a proporção normal entre os refugiados,os emigrados,os exilados.E sempre assim será.
Exilados!
Um ou dois,quando muito,conseguem implantar o seu pavilhão no solo estrangeiro.
E os outros?Desaparecem lentamente na voragem,sem deixar rasto."


A Rua do Gato que Pesca é, provávelmente, a mais pequena rua de Paris. Aqui viveu,desde a infância até à idade adulta,Yolanda Foldes, húngara de nascimento e autora do livro com o mesmo nome. Não é considerada uma "grande escritora", mas,ninguém poderá negar a sua fidelidade narrativa ,em relação à vivência dos exilados, em Paris,no período entre as duas guerras mundiais. A história da família Barabas confunde-se com muitas outras, que se cruzaram naquele espaço,geográfico e temporal. Os Portugueses, também eles nação de diáspora, encontrarão,certamente, muitas similitudes,com a história de Annouchka. Quantas não poderiam ser escritas, pelos filhos dos emigrantes Portugueses? "Estórias" que a História ainda não contou, mas merecem ser preservadas, escritas, analisadas, para que este nosso mundo, cada vez mais pequeno, não continue a ser um cenário onde os "condenados da terra" se desvanecem "lentamente,na voragem,sem deixar rasto"