segunda-feira, 3 de novembro de 2014

(Quase) diário de um candidato a converso -1



   "Frederico, o Grande:- Pode citar-me uma só prova da existência de Deus, que não tenha sido desmentida?
   Jean Baptiste de Boyer, Marquês de Argens:- Sim, Majestade: Os Judeus!"

         in  História do Povo Judeu, Werner Keller


                                






    "Num capítulo inteiramente dedicado à Estrela d'Alva, (Barros Basto) no livro Terras de Morte e de Fé, escreve:«Foi porque ela anunciou a Abraham os primeiros alvores da nossa fé, foi ela que inspirou Moisés nas suas cogitações, foi ela que encorajou Zenon na sua luta contra a fúria das vagas, foi ela que anmou Cleanto nos seus rudes trabalhos nocturnos, foi ela que inebriou Marco Aurélio nas suas meditações, e foi ela que nos sorriu sobre Emor.
     A mim próprio o Grande Espírito ma indicou. Era uma noite doce, linda como por vezes nos apresenta o belo céu da Península. Estava sentado junto a uma janela, que, de par em par, se abria sobre o jardim, lia um livro que velhos pensadores, de remotas eras, haviam escrito. Levemente fatigado, fechei o livro, pousei-o sobre os joelhos e contemplei a míriade tremeluzente, onde se destacava a bela estrela.
     Não sei quanto tempo a estive contemplando.
     Então a razão perguntou a mim mesmo porque fora ela a inspiradora dos filhos da Verdade?
     E automáticamente, como que obedecendo a uma força oculta, eu abri o livro e do texto se destacou o seguinte período:
     - Eu te estabeleci para ser a luz das nações, para levar a minha salvação até às extremidades da terra»
     (...)
     Outra força oculta, o estigma ancestral, impeliu-o definitivamente para o judaismo"


          in  Ben Rosh , Elvira de Azevedo Mea & Inácio Steinhardt.


                        
 Uma pequena pedra, por efeito da erosão, ou do vento, move-se um pouco. Apenas alguns centímetros...e acontece uma avalanche.
    Assim começa esta história, transformada em (quase) diário.
    Desde a infância que tenho conhecimento das minhas raízes judaicas e essa noção tem influenciado muitas decisões, escolhas e opções, tomadas ao longo da vida.
    Tenho dedicado algum tempo a estudar e analisar as várias correntes filosóficas, de Espinoza aos teosofistas, li Eliade, Guénon, Blavatsky, Stern.
    Percorri os Andes, com Kant debaixo do braço (na mochila, para ser exacto), enquanto olhava os Condores, companheiros de viagem.
    Naveguei os sete mares, com Platão e Aristóteles.
    Calcorreei os desertos de África, com Maimonides...
    Percorri os trilhos da Antropologia, da Sociologia, da História.
    Estudei a heurística e a hermenêutica, mas sempre me mantive afastado da "religião activa", sempre a encarei nas suas vertentes filosóficas, morais, éticas, sempre na sua vertente "intelectual", nunca na sua vertente "emocional".
    Mas os anos passam, a forma de pensar (mais importante: a forma de sentir) muda e o que era pequena luzinha, ao longe no céu, começa a aumentar, cada vez mais, até se transformar numa "Estrela d'Alva", como lhe chamou Ben-Rosh.
    E o apelo, tantas vezes fechado, o chamamento, tantas vezes abafado, torna-se mais forte, sempre mais forte. até se transformar numa torrente que já nenhum dique consegue parar.
    O primeiro passo foi dado!
    Os seguintes virão, a seu tempo.



Sem comentários:

Enviar um comentário