quinta-feira, 5 de março de 2009

Proletarização

Acabei de escutar uma entrevista/conversa,numa estação de TV
em que intervinha o Bispo do Porto,D.Manuel Clemente,se não me
engano no nome.Em certo momento,referindo-se a conversa à terrível
crise económica e de desemprego,no nosso País,em especial
à situação da "classe média" usou-se a expressão "proletarização"
da dita classe média passando a ideia de um "horrendo descambar"
em termos de estatuto sócio-económico.Porquê ?
Se ser "proletário" é sinónimo de ser económicamente pobre,isso
deve-se,em grande parte,à própria estrutura social que existe
ao longo de séculos,alicerçada em conceitos "benévolamente" aceites
de exploração da força de trabalho de uma maioria,em benefício
de uma minoria que usufrui do fruto económico desse mesmo trabalho.
Lembremos que os "proletarii" eram os cidadãos Romanos que não
tinham propriedades ,portanto,não tinham estatuto,a não ser o de
soldados e procriadores de mais "desqualificados",prontos,no fundo,a
serem o motor da sociedade:o trabalhador braçal,na cidade ou no campo,
o soldado de primeira linha,que tombava em combate,para mais uma
"victória" de um qualquer General ou Imperador.
Portanto,voltando à conversa na TV:ao usar o termo "proletarização"
estão os intervenientes a aceitar,ainda que tácitamente,a existencia
de uma classe sistemáticamente explorada,mas que é encarada como
"natural".Ou seja:podem existir "proletários" que não há problema
mas não se pode "proletarizar" a classe média porque isso é símbolo
de perda de estatuto!
Não seria mais correcto,mais "Cristão",procurar-mos formas de
terminar definitivamente com estes conceitos totalmente antiquados
e ser capazes de dignificar socialmente e económicamente os "proletários"?
Aproveitar esta "crise" para delinear-mos uma sociedade menos
desigual,mais fraterna,e sem estar,apenas,nas mãos dos líderes do
"lucro a qualquer preço"?
Não estará na altura de todos passarem por um período de "proletarização"
para saírem dessa fase com ideias novas sobre a sociedade?



"Amor Proletario"

Marcos Estrada

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