terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Poemas de Amor e Revolta I


 Soneto do amor e da morte

 quando eu morrer murmura esta canção
 que escrevo para ti. quando eu morrer
 fica junto de mim, não queiras ver
 as aves pardas do anoitecer
 a revoar na minha solidão.

 quando eu morrer segura a minha mão,
 põe os olhos nos meus se puder ser,
 se inda neles a luz esmorecer,
 e diz do nosso amor como se não

 tivesse de acabar, sempre a doer,
 sempre a doer de tanta perfeição
 que ao deixar de bater-me o coração
 fique por nós o teu inda a bater,
 quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"









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