07 Junho 2010
Dias de tempestade...
Em duas semanas chegaremos ao Solstício do Verão. Seria previsível aguardarmos dias luminosos, cálidos, de suaves brisas agitando os cabelos,em que, quando paramos,escutamos as águas dos regatos, murmurando ternamente as palavras que os regatos cantam, por entre os seixos,ao fim da tarde.
No entanto,ao fim do dia, apenas vejo nuvens carregadas, anunciadoras de chuva e tempestade, retrato fiel dos dias que vivemos:conturbados e cinzentos,socialmente tristes.
Da minha varanda vejo o céu plúmbeo e recordo a "Mensagem" de Fernando Pessoa:
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Fratres.