25 de Abril - 29 de Abril
À tristeza da realidade
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Fernando Pessoa
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Fernando Pessoa
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA Beleza buscando o infinito até o fim
ResponderEliminarLindo, Turner, lindo!
Obrigado, Roberta.
ResponderEliminarSim, a Beleza busca o infinito e encontra-se em muitos locais e sob formas diversas. A Beleza - a Verdadeira, a que se projecta "de dentro para fora" - encontra-se inesperadamente, numa qualquer rua, de uma qualquer cidade, olhando um mendigo que, na sordidez da sua miséria, ainda consegue exibir a riqueza da partilha da ternura...
Às vezes, Pedro, sinto que ela escapa de dentro do meu coração... E os minutos começam a virar horas e as horas eras glaciais...
ResponderEliminarO Sangue petrifica as dores na veia e tudo parece sem fluxo, sem sentido e jasmim.
Não há nem uma gota de lágrima que umedeça a alma de seiva ou inunde os olhos...
Por isso, talvez, atravessei o oceano e vim aqui olhar os livros perfilados dessa sua estante que parece não ter nem início nem fim.
Existir dói!
Roberta
ResponderEliminarQuem sente que a ternura "escapa de dentro do meu coração" não corre esse risco.Apenas a sentimos fugir quando ela existe... e existindo permanecerá sempre, ainda que fugaz, como um pequenino raio de Sol, iluminando brevemente o chão da alma, por entre as nuvens escuras que pesam sobre a nossa vida.
As lágrimas, mesmo que não inundem os olhos, lavam o coração, regam o sentimento e abrem a nossa existência para a maravilha que é viver, embora, muitas vezes o tempo pareça escasso e vejamos os anos a passar, "sem sentido e jasmim"...no entanto recorda que as rosas, toda uma vida fechadas, se abrem para o mundo quando o fim se aproxima - e por isso ainda são mais belas.
Sim, "existir dói", mas, se não doer, não seremos humanos...
Atravesse o oceano sempre que quiser e pegue qualquer um dos livros que encontrar. A estante estará sempre disponível e ficará mais rica com toda e qualquer visita...
Cá estou novamente.
ResponderEliminarEntro sempre, quietinha.
Não faço ruídos. Ando descalça sobre esse assoalho que acolhe os meus pés de além-mar.
Dedilho as prateleiras em busca da palavra certa. Não acho. Não há palavras certas.
Mas, HÁ PALAVRAS que me dizem segredos de caleidoscópio que eu ainda não sei escrever.
Saberei?
Agrego um pouco de pó aos dedos.
O pó assentado aos livros e prateleiras... Velo e desvelo pó. No contato com o pó que se deita e descansa o ritmo, penso que beijo o tempo de forma mais íntima. Tento me aproximar do tempo parado, mas ele corre.
É sempre assim, o tempo corre.
Obrigada pela acolhida fraterna.
(Deixei uma rosa -refeita rosa- no peitoril da janela para você.)
http://youtu.be/1WO0vYNUC0M