terça-feira, 15 de maio de 2018




  2018-05-15


      Com autorização do Editor, transcrevo a crónica publicada no Jornal de Belmonte, em Setembro de 2017...


   


"Todos nos recordamos de um filme, ou de um livro, em que o jornalista se encontra em apuros para entregar a sua crónica. Já faltam poucas horas para terminar o prazo de entrega e o nosso herói está completamente desinspirado, ou a ter que resolver uma intrincada trama policial, pondo a sua vida em risco…também sabemos que, quase sempre, o jornalista resolve a situação, salva a rapariga e entrega a sua crónica a tempo!
No meu caso particular não me sinto, ainda, como o jornalista com um prazo de poucas horas, mas, consoante o acordo feito com o Jornal de Belmonte, devo entregar uma crónica esta semana. A questão que se coloca é: escrever sobre o quê?
Naturalmente que ideias e temas não faltam, mas, exactamente por ser a primeira, pergunto-me o que poderá despertar mais interesse nos leitores. Talvez esta crónica – especificamente – seja melhor aproveitada para me “apresentar”…
Nascido em Lisboa, com passagens por vários cantos do mundo, acabei, no meu regresso a Portugal, por me fixar na cidade do Porto, onde vivi perto de trinta anos. Há cerca de um ano e meio tomei a decisão de deixar tudo “para trás” e fixar-me em Belmonte. E porque razão escolhi Belmonte e não a Guarda, ou Faro, ou Bragança? Porque Belmonte é a única vila de Portugal em que existe uma Comunidade Judaica activa e, sendo descente de família Judaica, sentia a enorme vontade (não só vontade: necessidade imperativa) de me reaproximar das minhas raízes, familiares e espirituais.
“Deixar tudo para trás” tem implicações muito fortes, porque foi mesmo “tudo”…mas, a imprescindibilidade de regressar e de conectar com o Divino era superior a qualquer outra amarra que existisse.
Além disso, Belmonte, como o tempo se encarregou de demonstrar é realmente, como há tempos escrevi, “uma terra de baixas temperaturas e calor humano”. Fui muito bem recebido pelas gentes de Belmonte, fui “aceite” e tenho vindo a integrar-me, sem grandes sobressaltos, na vivência quotidiana desta bela vila e do seu povo. Claro que existem alguns problemas e questões, como, por exemplo, a falta de trabalho, algumas incompreensões, principalmente dos serviços municipais, mas, com tempo e a ajuda de D’us tudo se conseguirá. 
Existem muitos projectos e ideias que se tentarão implementar, muito trabalho para fazer. Há que “meter as mãos na massa” e começar! Aliás, esta crónica é um desses passos. Pretende-se que aqui, neste espaço, se apresentem as ideias e as opiniões de alguém recém-chegado, sobre os mais variados temas, sejam da história – local e regional -, da cultura, da vida quotidiana, de Belmonte e dos seus cidadãos. Claro que a receptividade que este texto tiver, as ideias e opiniões de quem ler estas linhas, serão fundamentais para entender que temas serão mais importantes e apelativos para os leitores. Uma coisa é certa: aqui, em Belmonte, tento seguir as palavras do Rabi Tzvi Freeman: 
“As pessoas querem fugir de onde estão, para ir encontrar a sua Jerusalém – como se, em outro lugar, encontrassem a perfeição. Onde estiveres, faças aí o que fizeres, constrói aí mesmo, a tua Jerusalém”
Estive em Jerusalém várias vezes. É uma cidade linda, viva, cheia de cor e movimento, com a Torre de David e o Muro das Lamentações como “centro” espiritual de várias religiões. É a capital de Israel, indivisível, para todo o sempre. Irei lá sempre que puder. Mas é aqui, em Belmonte, entre serras e montanhas, em terras de Judeus e Templários, de tribunais da Inquisição e Navegadores, que pretendo e tento, todos os dias, construir a “minha” Jerusalém.
Possam os leitores, se assim o desejarem, acompanhar os passos de um viajante que aqui decidiu parar e viver."

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

The Road goes ever on...






"The Road goes ever on and on
Down from the door where it began.
Now far ahead the Road has gone,
And I must follow, if I can,
Pursuing it with eager feet,
Until it joins some larger way
Where many paths and errands meet.
And whither then? I cannot say” 

 J.R.R. Tolkien, The Fellowship of the Ring



segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Novo regresso...


Quase dois anos e meio passaram desde a anterior publicação. O "Memórias e Novidades" pretende (vamos a ver se consegue...) regressar, com nova imagem e novas ideias, embora (sempre) eivadas dos mesmos princípios filosóficos, éticos e estéticos de sempre. O "Memórias" muda a apresentação, mas não os ideais.
Dois anos e meio mais tarde, o escriba não vê "imensos campos de alfazema", mas presencia o espraiar do Vale do Zêzere e calcorreia os caminhos por terras de Judeus e Templários...
Aqui, por onde passaram Centuriões Romanos, Celtas, Judeus e Cristãos, onde Viriato e seus seguidores combateram o ocupante, onde as janelas e portas se fechavam e se falava em murmúrios quando passavam os inquisidores, onde os lobos e os linces caçavam, sob o olhar atento dos milhafres e das águias, aqui, onde a neve embranquece a paisagem, o autor destas letras encontrou o seu "refúgio"...

domingo, 20 de setembro de 2015

Home is where your heart is




Home is where the heart is



Rain falls
Small drops running 
down the windshield
down your heart
Make you shiver
You close your eyes
and when you open them
you don't know
if the drops are 
from the rain
or from the tears.





Either way
remember
always remember:
even in the darkest hour
even if your tears are
far more than the rain drops
You´ve a place
You've a place
Waiting...
Where your heart is
Home...
where your heart is








Where you´ll be warm
and conforted
and loved

Where your heart is
Waiting...
Where your heart is
Home...

Look...
It rains no more
The sun is bright
Shining the gray waters
Amid the grizzly clouds



Look East
Where you´ll be warm
and conforted
and loved

Where your heart is
Waiting...
Where your heart is
Home...




quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Histórias de Marinheiros




UN POEMA DE AMOR 





No sé. Lo ignoro.
Desconozco todo el tiempo que anduve
sin encontrarla nuevamente.
¿Tal vez un siglo? Acaso.
Acaso un poco menos: noventa y nueve años.
¿O un mes? Pudiera ser. En cualquier forma,
un tiempo enorme, enorme, enorme.



Al fin, como una rosa súbita,
repentina campánula temblando,
la noticia.
Saber de pronto
que iba a verla otra vez, que la tendría
cerca, tangible, real, como en los sueños.
¡Qué explosión contenida!
¡Qué trueno sordo
rodándome en las venas,
estallando allá arriba
bajo mi sangre, en una
nocturna tempestad!
¿Y el hallazgo, en seguida? ¿Y la manera
de saludarnos, de manera
que nadie comprendiera
que ésa es nuestra propia manera?
Un roce apenas, un contacto eléctrico,
un apretón conspirativo, una mirada,
un palpitar del corazón
gritando, aullando con silenciosa voz.


Después
(ya lo sabéis desde los quince años)
ese aletear de las palabras presas,
palabras de ojos bajos,
penitenciales,
entre testigos enemigos.
Todavía
un amor de «lo amo»,
de «usted», de «bien quisiera,
pero es imposible»... De «no podemos,
no, piénselo usted mejor»...
Es un amor así,
es un amor de abismo en primavera,
cortés, cordial, feliz, fatal.
La despedida, luego,
genérica,,
en el turbión de los amigos.
Verla partir y amarla como nunca;
seguirla con los ojos,
y ya sin ojos seguir viéndola lejos,
allá lejos, y aun seguirla
más lejos todavía,
hecha de noche,
de mordedura, beso, insomnio,
veneno, éxtasis, convulsión,
suspiro, sangre, muerte...
Hecha
de esa sustancia conocida
con que amasamos una estrella.

Nicolás Guillén




segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Uma folha em branco (no azul)






Uma folha em branco
Para ser preenchida
Não sei que escreva
Não sei que diga

Que dizer?
Dos mares navegados?
Que contar?
Das terras percorridas?

Do sol e do sal
dos risos, poucos
das lágrimas, muitas
do calor das areias
que queimam os pés
dos gelos que entorpecem
até te enroscares numa toca
e esperar pelo fim...

Brisas suaves
ventos cálidos
Tempestades terríveis
Ondas alterosas...




Onde?
Onde o calor que aquece o coração?
Onde a brisa que agita os cabelos?
Onde o mar que te adormece
no marulhar das ondinhas?
Onde?
Onde o farol que rasga
a escuridão?
Que te guia, protector, a bom porto?
Onde a luz que te ilumina o pensamento?
Que te tráz entendimento?
Onde as páginas
que não estão em branco?
Onde?




Sobes ao mastro mais alto
e que vez?
Águas cinzentas, agitadas
Céus plúmbeos, anunciadores de chuva
Ventos fortes que te agitam
E ameaçam fazer cair
Vagas enormes
Montanhas de água
Coroadas de espuma
Abatendo-se no convés
tonitruantes, terríveis

Onde?
Onde um pouco de terra
um baixio
um escolho
onde possas ancorar?
Não há!
E agarras-te ao mastro
com a força do desespero
procurando furar a escuridão
com a luz dos teus olhos

Mas os teus olhos
já perderam a luz...
Esmoreceu,lentamente
Desvaneceu, nos longos anos
Perdeu-se...
Anda, agora, nos gritos das gaivotas
Nas asas dos albatrozes
Pairando
num outro mar
num outro vento
Talvez mais azul
Talvez mais brando

E olhas, mais uma vez
Num olhar último.
Suavemente, numa carícia
sentes a madeira húmida
do mastro
E num suspiro abres as mãos...







sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

(Quase) Diário de um candidato a converso -4


Sente-se o calor do Sol, mas corre um vento fresco que, de vez em quando, provoca um ligeiro arrepio.
A baía de Cascais espraia-se perante mim. À minha esquerda estende-se Lisboa e as suas colinas. À minha direita a estrada para a Boca do Inferno.





Bancos de madeira, um quiosque, uma roda gigante. Os ramos das palmeiras agitam-se um pouco. Recordo Otis Redding, cantando "The Dock of the Bay" enquanto aguardo que as horas passem, para assistir ao acendimento da sétima vela do Hanukkah.

Enquanto espero, cruzam.se dezenas de pensamentos, dezenas de emoções. Recordo o encontro de ontem...pela primeira vez, em muitos, muitos, anos, senti-me "em casa", acolhido, quente, confortável. A conversa fluíu sem problemas, sem constragimentos, entre risos e lágrimas, hesitações e certezas, pensamentos e emoções, num amálgama indiscritível.
Saí do encontro mais forte, com mais certeza. Sinto que esta minha vontade é, também, a vontade d'Ele.
O caminho  vai ser longo, difícil, penoso, mas embora os pés fiquem cansados, doloridos, cheios de feridas, cada passo em frente será um passo de contentamento, maravilha e alegria.
Baruch Adonai Eloheinu!